Tanto a atividade econômica como o mercado de trabalho no Brasil surpreenderam favoravelmente este ano. Uma questão importante é se as reformas implementadas nos últimos anos estariam contribuindo para este resultado positivo.
Juros reais subiram com dúvidas sobre política fiscal do governo eleito. Proximidade do pleno emprego e alto endividamento público não recomendam expansão fiscal. Prioridade é deixar que política monetária controle a inflação.
Comparando estrutura proposta para aceleração do hidrogênio verde na Alemanha com os leilões de eletricidade no Brasil, vemos que aqui está ausente capacidade de compartilhar com os usuários benefícios da redução de custos.
No debate fiscal, é preciso dar mais atenção a riscos e ajustes necessários pelo lado da receita pública. Com foco especial no setor petrolífero, responsável por 83% da alta da receita primária de 2022 acima da média histórica.
Ainda é possível que a Câmara faça ajustes na PEC da Transição, reduzindo a elevação do teto de gastos e eliminando diversas exceções do teto. Caso contrário, a realidade se encarregará de fazer o ajuste de forma mais dolorosa.
Potencial brasileiro em energia renovável é imenso nas tecnologias já viáveis, e o país é excelente candidato para as que virão, como hidrogênio de baixo carbono e eólicas offshore. Mas custo de capital elevado é entrave.
Conflito latente entre governos e mercado data de séculos. Mas história mostra que superação desse conflito melhora as condições de financiamento do setor público, com impactos positivos sobre a execução das políticas públicas.
A literatura econômica, o passado recente fiscal e o atual ciclo econômico não recomendam uma expansão fiscal elevada no horizonte relevante de política econômica, cujo resultado será um equilíbrio macro de pior qualidade.
Além da necessidade de atender os compromissos sociais no curto prazo, é preciso sinalizar qual será o arcabouço fiscal nos próximos anos. A melhor alternativa para fazer a transição é a PEC da Sustentabilidade Social.
Se compromisso com transição energética justa é real, é preciso mudar regulação e política com base em evidências, mais que narrativa. Proposta de liberalização elétrica é bom começo, mas demanda cuidado na implementação.