
Introdução
Os votos do CMN que determinaram a redução da meta de inflação no Brasil a partir de 2017 tinham pelo menos dois elementos em comum: a ideia de que menos inflação é sempre melhor que mais inflação, bem como que as novas metas convergiriam para aquelas praticadas em outras economias. Porém, como há muito já mostrou Alex Ribeiro, entre outros, não havia nesses mesmos votos estudos ou referências a estudos aprofundados que respondessem a seguinte pergunta: é possível comparar a inflação dos países em que a meta de inflação é igual ou menor do que 3% com o IPCA, que é a referência adotada no sistema de metas brasileiro?
A pouca disponibilidade de análises que comparem a inflação brasileira com a do restante do mundo “no detalhe” provavelmente se deve, entre outros motivos, à dificuldade imposta pela forma como os bens e serviços são classificados. O IPCA tem uma classificação única, ainda que “dialogue” com a COICOP (Classification of Individual Consumption According to Purpose), ou Classificação do Consumo Individual por Finalidade, criada pela ONU e utilizada por uma série de países para a elaboração de índices de preços ao consumidor.
Nos Estados Unidos – que também têm uma classificação própria –, esse problema é em parte superado via construção e divulgação, pelo próprio Bureau of Labor Statistics, de um CPI (Consumer Price Index) compatível com os dados do Harmonized Price Index calculado pela Eurostat – e que tem uma classificação baseada em uma adaptação a partir do COICOP. Com esse CPI ajustado, que além de reclassificar os bens e serviços, exclui o aluguel imputado da conta, é possível comparar a inflação americana com a dos países europeus em um nível de detalhe considerável. No Brasil, o IBGE chegou a realizar um exercício semelhante, no âmbito de um programa de comparação internacional, mas os dados pararam de ser calculados em 2006.
Por considerarmos que uma comparação mais detalhada da inflação brasileira com a de países que adotam o regime de metas pode trazer uma contribuição para a análise do tema, decidimos iniciar um esforço para construir propostas de compatibilização da classificação dos IPCs de outras nações com a do IPCA.
Confira o estudo completo no Blog do IBRE!