
Esse avanço na inclusão financeira, embora positivo em termos de acesso, também se revelou ambivalente: facilitou o ingresso de milhões de brasileiros no sistema formal, mas também ampliou a exposição de famílias vulneráveis a instrumentos de crédito caros, de curto prazo e pouco transparentes. Entre 2015 e 2023, o número médio de contas por pessoa saltou de 2,1 para 5,5, refletindo o crescimento das fintechs e dos bancos digitais. Em 2023, o Pix superou 42 bilhões de transações, com mais de 70 milhões de novos usuários integrados ao sistema bancário. No entanto, para muitas famílias, essa inclusão veio sem o correspondente fortalecimento de capacidades de planejamento financeiro, resultando em maior fragilidade e dependência de modalidades onerosas de crédito.
Esse cenário não se distribuiu de forma homogênea pelo território nacional. Ao contrário, observam-se expressivas disparidades regionais quanto ao tipo, intensidade e dinâmica do endividamento. Enquanto algumas regiões apresentam dívida elevada atrelada a financiamentos estruturados e otimismo financeiro, outras enfrentam armadilhas crônicas, como o uso recorrente de cartão de crédito para consumo básico, em um contexto de informalidade, instabilidade de renda e baixa oferta de alternativas, o que pode ser um grande problema, especialmente se vier acompanhado de inadimplência.