Apesar de ambiente favorável, alimentos ainda pressionam a cesta de “produtos juninos” em 2023

Apesar de ambiente favorável, alimentos ainda  pressionam a cesta de “produtos juninos” em 2023

Os preços dos ingredientes e insumos para o preparo dos principais pratos e quitutes  tradicionais das festas juninas aumentaram, em média, 11,41% nos últimos 12 meses,  enquanto a inflação ao consumidor medida pelo IPC-S está em franca desaceleração e  registra aumento de apenas 3,75% no mesmo período.

O levantamento considerou 27 itens alimentícios da cesta do Índice de Preços ao  Consumidor (IPC/FGV) e mostrou que o “bolo de fubá vai ficar salgado”: o fubá de milho subiu 42,48% nos últimos 12 meses, sendo a alta mais expressiva da cesta, enquanto os ovos, a farinha de trigo e o leite subiram 29,79%, 17,33% e 13,21%, respectivamente. Apenas o açúcar refinado alivia um pouco a receita, com uma queda de 2,16% no  mesmo período.

Além do açúcar refinado, o único outro produto a sofrer redução de preço foi a batata  inglesa, que recuou 18,93% nos últimos 12 meses, o que ainda não foi suficiente para  compensar a alta dos 12 meses imediatamente anteriores (71,35%), mas já ajuda a  diminuir a pressão no orçamento das famílias.

Outros destaques que subiram acima da média foram: farinha de mandioca (38,75%),  milho em conserva (34,59%), milho de pipoca (34,15%), batata doce (32,11%), leite  condensado (27,82%), queijo minas (21,65%), leite de coco (15,80%), maçã (14,61%),  aipim/mandioca (14,21%) e bolo pronto (13,29%).

“A inflação está desacelerando esse ano, principalmente por causa do grupo alimentos,  mas essa desaceleração está um pouco mais tímida que o esperado, inclusive, no caso  dos itens juninos, 70% da cesta acelerou, na contramão da tendência. Apesar das  commodities agrícolas em tendência de queda, alguns problemas sazonais em culturas  específicas estão atrasando essa queda, como é o caso do milho e do leite, que inicia  sua entressafra agora no inverno, mas todo esse efeito deve ser temporário e as  perspectivas pra 2023 ainda são boas, como já indicam, por exemplo, as últimas leituras  do preço do milho”, aponta Matheus Peçanha, economista do FGV/IBRE.

“Muitos desses produtos não têm substituto para quem quer seguir a receita tradicional,  então a principal dica pra driblar o impacto no bolso é pesquisar preços, dar preferência  a marcas menos conhecidas de qualidade semelhante ou reunir um grupo maior e  comprar em ‘atacarejos’, para conseguir descontos maiores”, aconselha, também,  Peçanha.