Aumento da Incerteza

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Aumento da Incerteza

Após um período de certa euforia com o governo Trump, desde fevereiro o humor dos mercados de ativos americanos experimentou significativa mudança, para pior. Como destacado na seção de Economia Internacional: bolsas, juros e dólar experimentam trajetória cadente. Essa piora é o resultado de uma combinação de duas características das mudanças de política sendo adotadas por Trump. Uma, a abrangência e a intensidade das mudanças, indo do anúncio das tarifas comerciais para diversos produtos e países à política de imigração mais restritiva, aos cortes de pessoal no governo e aos intensos embates geopolíticos. Outra, o fato de que não parece claro para ninguém exatamente o que se pretende alcançar, com alguns dos objetivos citados por autoridades conflitando com outros. As idas e vindas -- por exemplo, na adoção de tarifas -- apenas reforçam essa
falta de clareza sobre quais os objetivos perseguidos e, consequentemente, o que esperar à frente.

Tudo isso elevou significativamente a incerteza sobre o rumo da economia americana: por exemplo, em relação à atividade, à inflação e à política monetária. Por seu turno, esse quadro se refletiu em quedas dos indicadores de confiança domésticos, tanto para empresários como para consumidores. De acordo com a Universidade de Michigan, informações preliminares referentes a março mostram que o sentimento do consumidor recuou para o nível mais baixo em mais de dois anos, e as expectativas de inflação de longo prazo tiveram a maior alta desde 1993. Atualmente, os consumidores esperam que os preços subam a uma taxa anual de 3,9% nos próximos cinco a dez anos. No mês anterior, o valor esperado era de 3,5%. Para a inflação do próximo ano, os consumidores preveem um aumento de 4,9% nos preços, que é o maior nível desde 2022 e representa uma alta de 0,6 ponto percentual em relação ao mês anterior. Esse resultado reflete a crescente preocupação com o impacto econômico das tarifas comerciais.