
Até agosto, os saldos mensais da balança comercial de 2021 superavam os saldos referentes aos mesmos meses de 2020, mas depois a tendência se reverteu. Em outubro de 2021, o superávit de US$ 2 bilhões foi inferior ao de outubro de 2020 em US$ 2,4 bilhões. Não obstante, na série histórica dos saldos acumulados no ano até outubro, desde 1997, o superávit de 2021 é o maior valor registrado, US$ 58,5 bilhões.
Os menores saldos podem ser explicados pela dinâmica de variação das exportações e importações. Em valor, a variação interanual no mês de outubro foi de 27,6% para as exportações e de 54,9% para as importações. No acumulado do ano até outubro, as variações foram: 36,0% para as exportações e 38,3% para as importações. A análise da variação interanual do volume e preços dos fluxos de comércio ajudam a explicar esse resultado (Gráficos 1 e 2 do Press Release).
A variação interanual mensal nos preços de exportações superou a das importações, ao longo do ano de 2021. No entanto, a partir de agosto/setembro, essa diferença diminuiu e, em outubro, a variação nos preços exportados foi de 27,0% e das importações de 25,4%. No caso da comparação interanual em volume, a variação das importações supera a das exportações, desde fevereiro. Ao longo do ano, porém, a variação do volume exportado foi desacelerando e chegamos em outubro com aumento de 0,8% no volume exportado e de 23,6% no importado.
Na comparação do acumulado do ano até outubro (Gráfico 3 do Press Release), a variação dos preços exportados foi de 30,2% e a das importações de 10,9%. Em volume, as exportações aumentaram 3,8% e as importações, 24,7%. O comportamento dos preços de exportações e importações levou a uma queda nos termos de troca, a partir de junho de 2021 (Gráfico 4 do Press Release). Entre junho e outubro, os termos de troca recuaram em 11%. Na comparação com 2020, porém, os termos de troca registraram aumento de 17,5% entre o acumulado do ano até outubro. A variação interanual mensal mostra um aumento dos termos de troca até junho (30,3%), depois, o ritmo de crescimento desacelera e entre os meses de outubro de 2020 e 2021, a variação registrada é de 1,3%.
O aumento de preços, observado até outubro de 2021, está presente nas exportações e importações de commodities do Brasil (Gráfico 5 do Press Release). Observa-se que a participação das exportações de commodities é de 69% no total exportado e de 8,5% no total importado, no período de janeiro a outubro. Apesar da menor participação das commodities nas importações, chama a atenção o aumento de 73,8% na comparação dos meses de outubro, enquanto o das exportações foi de 35,8%. Em termos de volume, as importações aumentaram nas duas bases de comparação ilustradas no Gráfico 5 do Press Release e recuaram nas exportações.
No caso das não commodities, a participação nas exportações é de 31% e nas importações de 91,5%. A variação em volume das exportações de não commodities foi positiva nas duas bases de comparação, o que indica um melhor desempenho do que o das commodities, que foi negativa, como antes mencionado. No caso das importações, a variação no acumulado do ano até outubro é próxima à das commodities. Em termos de preços, as variações das não commodities são inferiores às das commodities, seja nos fluxos de exportação ou importações (Gráfico 6 do Press Release).
Ressalta-se que a tendência de elevação nos preços importados, como analisado na edição do ICOMEX de outubro, permanece. O Gráfico 7 do Press Release reforça o argumento. São destacados os bens intermediários, que corresponderam a 75% das importações totais do Brasil, no acumulado do ano até outubro. Como mostra o gráfico, os maiores aumentos estão em produtos intermediários classificados na indústria de agropecuária, que correspondem a 37% do valor importado. No caso da indústria de transformação, o percentual é de 72%. Mesmo que o percentual na agropecuária seja menor, a elevação do preço, em dólares, junto com a desvalorização cambial eleva os custos de produção e contribui para a inflação.
Por último, o ICOMEX destaca o desempenho dos produtos de petróleo e derivados, que também constituem fontes de pressão inflacionária. Em outubro, os preços de importações aumentaram 81,3% e os das exportações, 55,4%. No acumulado do ano, porém, a variação dos preços exportados superam a das importações. Esse resultado ajuda a explicar o superávit desse agregado, de US$ 13 bilhões (janeiro-outubro de 2021), apesar do volume exportado ter recuado e o das importações crescido entre os acumulados do anos até outubro (Gráfico 8 do Press Release).
Os índices de comércio exterior
No Anexo do Press Release, apresentamos as tabelas com os principais índices elaborados para o ICOMEX. Iremos destacar alguns resultados a partir de uma análise gráfica.
Em outubro, o volume exportado da agropecuária recuou na comparação mensal e no acumulado do ano até esse mês (Gráfico 9 do Press Release). No entanto, os aumentos nos preços de 41,5% (out2020/21) e de 26,2% na comparação interanual do acumulado do ano até outubro levou a uma variação positiva no valor exportado: de 23% na base mensal e de 21% entre jan/outubro de 2020 e 2021.
A indústria extrativa registrou variações positivas na comparação mensal (7,0%) e na do acumulado do ano (2,7%). Os preços cresceram 31,8% (mensal) e 67,2% na comparação do acumulado do ano. Dessa forma, houve um aumento de 41% e 73%, respectivamente na comparação mensal e na do acumulado do ano, em valor.
A indústria de transformação registrou variação positiva nas duas bases de comparação, e os preços aumentaram 21,8% (mensal) e 16,7% (acumulado do ano) levando a uma variação de 23% (mensal) e 27% no acumulado do ano, em termos de valor. Com esses aumentos, o crescimento da indústria extrativa, em valor, foi de 156%, seguida da agropecuária e da transformação, com variações iguais de 49%, na comparação interanual do mês de outubro.
Os Gráficos 10 e 11 do Press Release mostram a variação do volume exportado e do volume importado por categoria de uso, onde não se observa mudanças nas tendências já em curso desde setembro. No caso das exportações, o destaque é o recuo nas vendas de bens duráveis de consumo (setor automotivo), desde setembro, para o mercado argentino. O aumento das exportações de veículos em 62% para o Chile entre os meses de outubro não compensou as perdas do mercado argentino.
Nas importações, a liderança da indústria de bens duráveis na comparação entre os dez primeiros meses de 2020/2021 não se repetiu entre os meses de outubro. O aumento do volume importado de bens de capital em 32,7%, na comparação mensal, contrasta com as compras do setor de agropecuária, que registrou variação de 112,2% (ver Anexo do Press Release). O mesmo ocorre na comparação de bens intermediários: 43,5% para a agropecuária e 22,4% pra a transformação. O que se conclui? Expectativas mais favoráveis para o setor agropecuário estariam levando ao aumento das compras de bens de capital e de bens intermediários, acima das variações da indústria de transformação.
Por último, destacam-se alguns resultados dos mercados de exportações. O Gráfico 12 do Press Release mostra a variação no valor exportado para os 10 principais países no mês de outubro. Ressalta-se o resultado para os Estados Unidos, onde os três principais produtos foram semimanufaturas de aço, petróleo e combustíveis com crescimento de 320%, 336% e 3.947%, respectivamente, em valor, onde os preços lideram a variação observada. Na Argentina, apesar do recuo nas vendas de automóveis, foram registrados aumentos acima de 1,000% para produtos do setor siderúrgico. Para Singapura, o aumento é explicado pelos óleos combustíveis (participação de 66% no total exportado para o país e crescimento de 553%) e para a Índia, as exportações de óleo bruto de petróleo corresponderam a 48% da pauta e cresceram 275%.
Em adição, os Gráficos 13 e 14 do Press Release mostram as variações no volume exportado e importado nos principais parceiros comerciais do Brasil. A queda no volume exportado pra a China reflete o comportamento das commodities, crescimento nos preços e recuo no volume.