Os Barômetros Globais caminham em sentidos opostos em setembro. O Barômetro Coincidente recua pelo oitavo mês consecutivo e o Barômetro Antecedente sobe, mas continua oscilando numa faixa baixa, sinalizando uma perspectiva ainda pessimista para o crescimento econômico global nos próximos meses.
Com os movimentos de setembro de 2022, os dois Barômetros Econômicos Globais voltam a se aproximar, depois de seguirem descolados entre fevereiro e agosto deste ano. O Barômetro Econômico Global Coincidente cai 0,6 ponto, para 87,9 pontos e o Barômetro Econômico Global Antecedente sobe 4,8 pontos no mês, para 86,4 pontos. A queda do indicador Coincidente atinge as regiões da Ásia, Pacífico & África e Europa enquanto a alta do Barômetro Antecedente é concentrada na região da Ásia, Pacífico & África.
“Enquanto a região do Hemisfério Ocidental apresentou estabilidade no Barômetro Coincidente em setembro, as demais regiões tiveram variações negativas, levando à queda observada no Barômetro Global Coincidente no período. Por sua vez, a região da Ásia foi a única a registrar avanço no Barômetro Antecedente, enquanto o resultado da Europa foi negativo, em uma conjuntura marcada pela persistência da inflação em patamares elevados, problemas climáticos e incertezas sobre o fornecimento de energia decorrentes da guerra na Ucrânia. Nesse contexto, o Barômetro Antecedente sinaliza um aumento significativo da probabilidade de reversão do ciclo econômico na região, assim 2 como da probabilidade de desaceleração na atividade das demais regiões.”, avalia Paulo Picchetti, pesquisador do FGV IBRE
Barômetro Coincidente – Indicadores de regiões e setores
As regiões da Ásia, Pacífico & África e Europa contribuem com o mesmo -0,3 ponto para a queda, enquanto o indicador da região do Hemisfério Ocidental registra estabilidade. A continuidade da tendência de queda no indicador global é causada em parte pelas restrições de fornecimento relacionadas à guerra no leste europeu e à desaceleração econômica na Ásia, com destaque para a China, que voltou a intensificar as medidas de restrições de mobilidade como medida auxiliar no combate ao surto de Covid-19. O gráfico do release ilustra a contribuição de cada região para a distância do Barômetro Coincidente em relação aos 100 pontos.
Entre os indicadores setoriais coincidentes, Serviços, Indústria e Comércio recuam no mês, enquanto Construção e Economia Geral (avaliações dos consumidores e agregadas empresariais), seguem em sentido oposto. Com o resultado, o indicador da Economia Geral sustenta o maior nível entre os setores pelo segundo mês consecutivo e a Construção diminui a distância em relação aos demais.
Barômetro Antecedente – Indicadores de regiões e setores
O Barômetro Global Antecedente antecipa os ciclos das taxas de crescimento mundial em três a seis meses. Em setembro, o indicador global sobe 4,8 pontos para 86,4 pontos, recuperando a perda de 4,3 pontos ocorrida no mês anterior. A região da Ásia, Pacífico & África é a única a contribuir positivamente para a alta do indicador, com 5,1 pontos, enquanto a Europa e o Hemisfério Ocidental seguem na direção oposta, com contribuições de -0,2 e -0,1 ponto, respectivamente. O indicador antecedente vem oscilando ao longo dos últimos meses, sugerindo que as expectativas de crescimento global em 2022 vêm encontrando obstáculos, como a continuidade da guerra entre Ucrânia e Rússia e da adoção de políticas monetárias mais restritivas em diversos países, para a retomada do crescimento sustentável. Tais fatores têm contribuído para manter o indicador global em região desfavorável.
Todos os indicadores antecedentes setoriais sobem no mês, exceto o do Comércio. Apesar da melhora, todos os indicadores giram abaixo e distantes da média histórica de 100 pontos, com destaque negativo para as perspectivas do Setor de Serviços, cujo indicador está agora 18,8 pontos abaixo do nível neutro. O indicador da Economia Geral registra o maior nível entre os setores, algo que não ocorria desde março de 2021.