
Esta Carta traz a análise de Bráulio Borges, pesquisador associado do FGV IBRE, sobre importantes aspectos do desafio econômico do Brasil a partir de 2025. O economista inicia sua investigação pelo quadro internacional. A incerteza sobre a política comercial dos EUA quase quadruplicou entre agosto e novembro, atingindo o maior nível já registrado desde 1960, quando tem início a série histórica do indicador baseado em notícias (Monthly TPU index). Estudo usando esse indicador aponta que aumentos da incerteza comercial global geram impacto negativos bem evidentes no investimento privado.
A guerra comercial prometida por Trump em seu segundo mandato ameaça ser bem mais acentuada e abrangente do que aquela implementada em 2016-2020, com imposição de tarifas mais altas em maior número de países (incluindo o Brasil) e relativas a uma cesta mais ampla de produtos.
Adicionalmente, o ambiente econômico americano e global hoje é menos propício à acomodação de um choque tarifário nas importações. A inflação dos Estados Unidos ainda se encontra algo acima da meta, e em 2016 estava abaixo. O muito acompanhado supernúcleo de serviços (exclui aluguéis) tem flutuado em torno de 4,4%, muito acima da meta de 2%. A taxa de desemprego, de aproximadamente 5% às vésperas do primeiro mandato de Trump, atualmente está em 4,2%. No início do primeiro governo do presidente eleito, a rentabilidade do título do Tesouro americano de dez anos era de 2,3%, e hoje está em 4,6%, o dobro. Há hiato do produto positivo e sinais de superaquecimento no mercado de trabalho, embora com algum alívio desde o início do ano. E as estimativas empíricas dão apoio à avaliação de repasse integral para os consumidores dos aumentos de tarifas.
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