No terceiro trimestre de 2024, o Indicador de Clima Econômico da América Latina (ICE) manteve sua trajetória de queda, registrando recuo de 5,1 pontos em relação ao trimestre anterior, passando de 89,2 pontos para 84,1 pontos. No acumulado do ano, o Indicador de Clima Econômico apresentou queda de 14,1 pontos, equivalente a uma retração de 14,4%.
O desempenho negativo no trimestre segue atrelado ao recuo na avaliação das duas maiores economias da região – Brasil e México. Em contrapartida, a Argentina apresentou melhora no clima econômico.
Previsões de Crescimento do PIB
As previsões de crescimento do PIB para 2024 registraram queda nas estimativas para Argentina, Bolívia, Equador, México e Paraguai. Apesar da revisão para baixo, o crescimento esperado do Paraguai (4%) é o maior da região. A Argentina, no sentido oposto, permanece com a pior expectativa de crescimento (-3,6%). A segunda maior queda nas expectativas foi a dos especialistas do México, com retração de 0,5 ponto percentual (p.p.). Entre os países que registraram previsões otimistas, destacam-se Chile e Colômbia, ambos com avanços de 0,5 p.p. em relação ao trimestre anterior. Na sequência, Brasil e Peru tiveram ganho de 0,2 p.p. cada, e Uruguai registrou leve alta, de 0,1 p.p.
Enquete especial: o Impacto das Eleições Presidenciais Nos EUA
A enquete especial desta edição indagou os especialistas sobre o impacto das eleições presidenciais dos Estados Unidos na economia de seus respectivos países. Do total, 74% dos especialistas afirmaram esperar algum impacto, 20% indicaram que não, e 6% declararam não saber. A questão foi seguida por duas perguntas: a primeira indagou sobre o impacto esperado se o vencedor fosse um candidato republicano; a segunda, em caso de vitória democrata. As respostas detalhadas para essas perguntas encontram-se na Seção 4.
SEÇÃO 2 – Indicador de Clima Econômico da América Latina
Pelo segundo trimestre consecutivo, o Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina registrou queda, com um recuo de 5,1 pontos, atingindo 84,1 pontos no terceiro trimestre de 2024.
No último período, a queda no Clima Econômico está atrelada principalmente à forte retração do Indicador de Situação Atual. Embora o Indicador de Expectativas tenha apresentado estabilização, o cenário atual sugere que o Clima Econômico para 2024 deverá permanecer na zona desfavorável.
A piora do Indicador de Clima Econômico foi liderada pela queda no Indicador da Situação Atual (ISA), que recuou 9,9 pontos em relação ao trimestre anterior, atingindo 74,3 pontos. Este é o nível mais baixo desde o segundo trimestre de 2023, quando registrou 52,1 pontos. No acumulado do ano, as perdas já totalizaram 14,1 pontos. O Indicador de Expectativas (IE) manteve-se praticamente estável, com um leve recuo de 0,1 ponto, atingindo 94,2 pontos, permanecendo, desde o segundo trimestre, na zona desfavorável do indicador.
Seção 3: Indicador de Clima Econômico da América Latina por país
O Indicador de Clima Econômico (ICE) apresentou crescimento em quatro países – Argentina, Chile, Colômbia e Peru. Entre estes, apenas o Peru está na zona favorável, com 107,3 pontos. O avanço nesses países tem como denominador comum a melhora no Indicador de Expectativas. A Colômbia se destaca no grupo, com um aumento de 37,7 pontos. Os números do país não são tão otimistas na percepção dos especialistas sobre a Situação Atual, já que o esse registrou queda de 1,7 ponto. A consolidação da recuperação do Indicador de Clima Econômico dependerá da manutenção da melhoria na situação atual no próximo trimestre, em consonância com o cenário otimista das expectativas.
O Indicador de Clima Econômico (ICE) registrou queda em seis países – Brasil, Bolívia, Equador, México, Paraguai e Uruguai. Apesar do recuo no terceiro trimestre, Paraguai (145 pontos) e Uruguai (124,9 pontos), se mantiveram na zona favorável. No Paraguai, a piora foi observada nos dois indicadores temporais (Situação Atual e Expectativa) recuando 27,8 e 10 pontos, respectivamente. No Uruguai, a retração está atrelada principalmente à queda nas expectativas, que registrou recuo de 23,8 pontos, alcançando 133,3 pontos. Entre os países que se encontram na faixa desfavorável, o desempenho negativo foi influenciado por ambos os indicadores temporais. O Brasil apresentou a queda mais acentuada nas expectativas, com recuo de 20 pontos. Já na Bolívia, Equador e México, a Situação Atual foi o principal fator, com reduções de 30,8 pontos, para os dois primeiros, e 27,3 pontos, para o México.
Os resultados negativos das maiores economias da região contribuíram para a queda do Indicador de Clima Econômico na América Latina. No Brasil, a redução de 14,7 pontos no Clima Econômico, que atingiu 89,8 pontos, está relacionada ao recuo de 20 pontos no Indicador de Expectativa e de 9,1 pontos no Indicador de Situação Atual.
No caso do México, o Indicador de Clima Econômico recuou 17,2 pontos, atingindo 65,4 pontos. O principal responsável por essa queda foi o Indicador de Situação Atual, que registrou declínio de 27,3 pontos, chegando a 81,8 pontos. O Indicador de Expectativas também caiu, embora com menor intensidade, atingindo 50 pontos (-8,3 pontos). Na Sondagem anterior, as respostas foram coletadas no período que antecedeu a eleição presidencial mexicana, realizada em 2 de junho, em um período turbulento e de incertezas. Esta edição traz a percepção dos especialistas após o pleito, o que ajuda a explicar a previsão menos negativa em comparação com os trimestres anteriores: entre o 1º e 2º trimestre, a queda nas expectativas havia sido de 41,7 pontos. Agora, a projeção dos especialistas teve retração de 8,3 pontos.
Na Argentina, apesar do ambiente de acirradas controvérsias em relação às medidas do presidente eleito no final de 2023, Javier Milei, o Indicador de Clima Econômico continua melhorando, com avanço de 14,3 pontos, alcançando 81,2 pontos no 3º trimestre. Esse resultado é impulsionado principalmente pelas expectativas de curto prazo, já que o Indicador de Expectativas subiu 26,3 pontos, atingindo 157,1 pontos, posicionando o país no segundo lugar do indicador, logo atrás do Peru (177,8 pontos). O Indicador de Situação Atual melhorou 6 pontos, chegando a 21,4 pontos. Os Gráficos 2, 3 e 4 ilustram os resultados dos indicadores econômicos dos países no 2º trimestre e no 3º trimestre de 2024.
Seção 4: Enquete especial – O Impacto das Eleições Presidenciais dos EUA na Economia dos Países da Região
Nesta edição da Sondagem, os entrevistados responderam a três perguntas. A primeira indagou os especialistas sobre o impacto das eleições dos EUA na economia dos seus respectivos países. Em seguida, os respondentes indicaram sua percepção sobre o impacto nos seguintes cenários: 1) Caso o vencedor fosse um candidato republicano; 2) Em caso de vitória de um candidato democrata.
As três maiores economias da região indicaram que as eleições terão repercussão em suas economias, enquanto Bolívia, Peru e Uruguai afirmaram que não haverá impacto (Quadro 2).
As respostas sobre o impacto de uma possível vitória republicana ou democrata refletiram em grande escala as posições dos governos dos países dos respondentes. A Argentina foi o único país em que 100% dos especialistas consideraram a vitória do candidato republicano positiva (Quadro 3). Já na Bolívia, México e Uruguai, 100% dos especialistas consideram uma vitória republicana negativa. Entre os especialistas brasileiros, 77,8% consideraram que a eleição do candidato republicano não teria um efeito positivo sobre o país. Na sequência, entre os especialistas do Peru, 67% acreditam que a condução do candidato republicano à Casa Branca não seria benéfica para a economia peruana.
Sobre o impacto de uma vitória democrata, todos os especialistas da Bolívia, Peru e Uruguai consideraram positiva a eleição de um democrata (Quadro 4). Esses foram seguidos por México, onde 90% dos especialistas consideram a vitória democrata benéfica para a economia do país. No Brasil, 77,8% dos especialistas indicaram que a vitória de um democrata teria um impacto positivo, um contraste com a percepção sobre um candidato republicano. De forma geral, as respostas indicaram um cenário mais favorável para um governo democrata.