Clima Econômico da América Latina melhora, mas continua desfavorável
Indicador de Clima Econômico (ICE) sobe entre o 3º e o 4º trimestre de 2022 sob influência da melhora das percepções sobre o momento atual. . O Brasil registrou alta de 30 pontos no ICE, , avanço de 49,4 pontos do ISA e de 10,2 pontos do IE. A alta menos expressiva do IE em relação ao ISA e sua retração em alguns países indica que o cenário para os próximos seis meses tende a desacelerar na região. As projeções de uma menor taxa de crescimento do PIB para 2023 em relação a 2022 corroboram a cautela dos especialistas em relação aos próximos meses.
O Indicador do Clima Econômico (ICE) da América Latina subiu 11,8 pontos entre o 3º trimestre e o 4º trimestre de 2022. Apesar do avanço, o indicador continua em patamar considerado desfavorável: 66,5 pontos. Como mostra o Gráfico 1 do release, o ICE tem se mantido em nível baixo desde o 3º trimestre de 2013, à exceção do 4º trimestre de 2017, 1º trimestre de 2018 e 3º trimestre de 2021. Em todos esses trimestres o indicador ficou próximo de 100, que marca o limite entre a zona favorável e a desfavorável.
A melhora do ICE está associada ao comportamento do Indicador da Situação Atual (ISA) que avançou 22,7 pontos entre o 3º e o 4º trimestre de 2022, para 67,0 pontos. O Indicador de Expectativas (IE) variou 0,6 ponto, o que indica estabilidade, ao registrar 66,1 pontos. Os dois indicadores estão agora muito próximos e se mantêm em zona desfavorável do ciclo. Esta é também a primeira vez desde 2012 que o ISA supera (ainda que ligeiramente) o IE.
No próximo quadro do release, os resultados do 4º trimestre de 2022 foram comparados aos do mesmo período dos anos anteriores. Os indicadores IE e ICE de 2022 mostram queda na comparação com 2019 e 2020, sendo a maior diferença no IE (-76,7 pontos) em relação ao 4º trimestre de 2020. No caso do ISA, a diferença favorece o resultado do 4º trimestre de 2022, em especial em relação ao 4º trimestre de 2020. O que esse resultado mostra?
Obs.: os resultados mostram a diferença em pontos dos indicadores em relação aos resultados do 4º trimestre de 2022.
Clima econômico: Resultados dos países
O quadro 2 do release resume os resultados do Clima Econômico para as maiores economias da região acompanhadas pelo FGV IBRE.
O Brasil lidera a melhora da região. Entre e o 3º e o 4º trimestre o país registrou aumento de 30,0 pontos no ICE, 49,4 pontos no ISA e 10,2 pontos no ICE. Além disso, avaliação do ISA (92,3 pontos) foi melhor do que o das expectativas (76, 9 pontos). O país registrou o terceiro maior ICE, ISA e IE no ranking do 4º trimestre de 2022, como ilustrado nos gráficos 3,4, e 5 do release. A despeito da melhora todos os indicadores estão na zona desfavorável.
Cinco países melhoram a sua posição no ICE, mas apenas Paraguai e Uruguai estão na zona favorável. No ISA, seis países melhoram a sua posição, mas na zona favorável estão somente o Uruguai e a Colômbia. Na avaliação das expectativas, quatro países avançaram de posição, mas apenas o Paraguai na zona favorável e o Uruguai na zona neutra. Observa-se que tanto o Paraguai quanto o Uruguai registraram queda no ICE. Os países que ganharam pontos no IE foram Brasil, Peru, Chile e Colômbia.
Em síntese no 4º trimestre de 2022 houve melhora na situação atual liderada pelas maiores economias da região, mas as expectativas avançaram pouco ou recuaram.
A manutenção do IE em zona desfavorável apesar da melhora da percepção corrente ajuda a explicar as previsões do crescimento do PIB para 2023 (Gráfico 6 do release). Apenas no Paraguai a previsão para 2023 supera a taxa de crescimento maior que 2022. Nesse caso, a forte seca observada em 2022, que levou a uma previsão de crescimento nulo para 2022, explica a melhora.
Previsões para o crescimento do PIB para 2022 e 2023
Principais problemas em países selecionados
O quadro 3 do release mostra o peso que os especialistas conferem à lista de questões apresentadas como entraves para o crescimento econômico dos países. Pontuações variam de 0 a 100. Pontuações acima de 50 pontos indicam que a questão é relevante e quanto maior o número de pontos, maior a sua relevância. Pontuações abaixo de 50 pontos, o tema não é relevante e quanto menor a pontuação, menos relevante. A tabela está ordenada segundo a ordem de importância dos problemas para o conjunto da América Latina estudado. Os principais problemas que registraram pontuações acima de 50 pontos em ordem decrescente foram — falta de inovação, infraestrutura inadequada, falta de confiança na política econômica; falta de competitividade internacional, corrupção, aumento na desigualdade de renda; clima desfavorável para os investidores estrangeiros, instabilidade política, barreiras legais e administrativas para investidores, falta de mão de obra qualificada, dificuldade no fornecimento de insumos e falta de capital. Dos 17 problemas listados, 12 apresentaram pontuação acima de 50 pontos.
A falta de inovação recebeu a maior pontuação na América Latina e, em todos os países, o indicador supera os 50 pontos e no Brasil é 100 pontos. O segundo é a infraestrutura inadequada em que todos os países têm pontuação igual a 50 ou maior e no Brasil é 100 pontos. O terceiro é falta de confiança na política econômica, todos com pontuação acima de 50 pontos e o Brasil, 79,6 pontos. O quarto é falta de competitividade internacional, onde apenas o Chile não considera essa questão relevante e no Brasil, a pontuação foi de 92,3 pontos. O quinto é corrupção, uma questão não relevante no Uruguai e no Brasil com 76,9 pontos. O sexto é aumento na desigualdade de renda, questão não relevante na Bolívia e no Paraguai e no Brasil com 92,3 pontos.
O sétimo é clima desfavorável para investidores estrangeiros, tema não relevante no Paraguai e no Uruguai. No Brasil, a pontuação foi de 69,2 pontos. Na Sondagem do 2º trimestre de 2022, esse mesmo item foi pontuado com 20,0 pontos. Houve, portanto, uma mudança na percepção dos especialistas que passaram a considerar que o clima para os investidores estrangeiros é um entrave relevante no momento. O oitavo problema é a instabilidade política com pontuação de 69,8 para a América Latina e de 76,9 pontos para o Brasil, um aumento de 6,9 pontos em relação à Sondagem do 2º trimestre. O nono item é barreiras legais para investidores, não relevante para o Chile, Paraguai e Uruguai e no Brasil a pontuação foi d 61,5 pontos. Falta de mão de obra qualificada recebeu 67,6 pontos na América Latina e 92,3 pontos no Brasil. Dificuldade de fornecimento de matéria prima teve pontuação similar para o Brasil (61,5 pontos) e a América Latina (63,0 pontos). Falta de capital não é uma questão relevante para o Brasil.
Os cinco maiores entraves para o Brasil que receberam pontuação acima de 90 pontos foram: falta de inovação; infraestrutura inadequada; falta de competitividade internacional; aumento na desigualdade de renda; e, falta de mão de obra qualificada. Para a América Latina entre os 5 principais problemas apenas falta de inovação recebeu pontuação acima de 90 pontos e não estão presentes entre os 5 principais, a desigualdade de renda e a questão da qualificação da mão de obra.
Uma segunda informação extraída dessa Sondagem se refere ao percentual de especialistas que selecionaram os principais problemas no seu país. No Brasil, 46,2% selecionaram falta de confiança na política econômica e o mesmo percentual para instabilidade política. Em segundo lugar, com percentual de 38,5%, infraestrutura inadequada e aumento na desigualdade de renda. Observa-se que falta de confiança na política econômica e instabilidade política registram percentuais elevados em todos os países. Só não é citado no Uruguai