São Paulo, outubro de 2025 – A cidade do Rio de Janeiro segue liderando o ranking com o maior custo da cesta básica entre as capitais pesquisadas. Após três meses consecutivos de queda, os preços voltaram a subir com força em setembro, com alta de 5,04% — passando de R$ 945,92 para R$ 993,64. No acumulado dos últimos seis meses, a capital fluminense registra elevação de 2,08% (de R$ 973,43 para R$ 993,64), o que tende a preocupar os consumidores locais com a aproximação do fim do ano e o aumento da demanda sazonal.
O maior destaque do mês, no entanto, foi Manaus, que registrou uma aceleração expressiva de dois dígitos: alta de 16,26%, saltando de R$ 726,76 em agosto para R$ 844,93 em setembro. Com esse movimento, a capital amazonense acumula variação de 15,29% no semestre (de R$ 732,90 para R$ 844,93), indicando uma pressão acentuada sobre o orçamento das famílias, especialmente após um período de relativa estabilidade.
Curitiba também apresentou aumento relevante, com alta de 8,74% em setembro. Em termos nominais, foi a primeira vez em 15 meses que o custo da cesta básica na capital paranaense ultrapassou a marca dos R$ 800, passando de R$ 737,58 para R$ 802,07. No acumulado semestral, a cidade registra elevação de 4,41% (de R$ 768,21 para R$ 802,07), revertendo parcialmente a tendência de queda observada no primeiro semestre.
Em Belo Horizonte, a cesta básica encerrou setembro com avanço de 3,98%, passando de R$ 678,05 para R$ 705,02, valor semelhante ao registrado no início do ano. No acumulado dos últimos seis meses, a alta foi de 2,27% (de R$ 689,37 para R$ 705,02), indicando uma retomada gradual dos preços após um período de retração moderada.
Fortaleza também registrou elevação no mês, com alta de 2,07% (de R$ 844,76 para R$ 862,24). No semestre, a variação acumulada foi de 1,09% (de R$ 852,97 para R$ 862,24), sinalizando uma pressão moderada nos preços, ainda que em ritmo menos intenso do que em outras capitais.
São Paulo inverteu a trajetória de quatro meses consecutivos de queda e apresentou alta de 1,11% em setembro, com o custo da cesta passando de R$ 930,24 para R$ 940,56. Ainda assim, a capital paulista acumula queda expressiva de 5,17% no semestre (de R$ 991,80 para R$ 940,56), mantendo-se como uma das capitais com maior alívio no custo dos itens essenciais no período recente.
Salvador foi uma das poucas capitais a registrar queda em setembro. O custo da cesta básica recuou 1,21%, passando de R$ 846,22 para R$ 835,98. No acumulado dos últimos seis meses, a retração chega a 2,22% (de R$ 854,95 para R$ 835,98), reforçando uma tendência de redução contínua nos preços, ainda que com oscilações pontuais ao longo do período.
Brasília manteve o movimento de queda observado nos meses anteriores, registrando novo recuo de 0,43% em setembro (de R$ 810,34 para R$ 806,83). No acumulado do semestre, a capital federal apresenta redução de 4,41% (de R$ 844,01 para R$ 806,83). Essa trajetória confirma a desaceleração dos preços, especialmente após os recuos registrados entre junho e agosto.
Quadro 1 – Preços médios da cesta de consumo básica em setembro/25, por capital
Capital | Preço Médio agosto/25 (R$) | Preço Médio setembro/25 (R$) | Variação % |
Rio de Janeiro | R$ 945,92 | R$ 993,64 | 5,04% |
São Paulo | R$ 930,24 | R$ 940,56 | 1,11% |
Fortaleza | R$ 844,76 | R$ 862,24 | 2,07% |
Manaus | R$ 726,76 | R$ 844,93 | 16,26% |
Salvador | R$ 846,22 | R$ 835,98 | -1,21% |
Brasília | R$ 810,34 | R$ 806,83 | -0,43% |
Curitiba | R$ 737,58 | R$ 802,07 | 8,74% |
Belo Horizonte | R$ 678,04 | R$ 705,02 | 3,98% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Quadro 2 – Variação acumulada da cesta de consumo básica em setembro/25, por capital
Capital | abri/25 (r$) | mai/25 (r$) | jun/25 (r$) | jul/25 (r$) | ago/25 (r$) | set/25 (r$) | Variação 6 meses |
Belo Horizonte | 689,37 | 706,55 | 690,74 | 686,96 | 678,04 | 705,02 | 2,27% |
Brasília | 844,01 | 839,33 | 832,94 | 812,53 | 810,34 | 806,83 | -4,41% |
Curitiba | 768,21 | 794,55 | 767,14 | 746,46 | 737,58 | 802,07 | 4,41% |
Fortaleza | 852,97 | 874,00 | 866,07 | 852,45 | 844,76 | 862,24 | 1,09% |
Manaus | 732,90 | 755,28 | 761,81 | 749,47 | 726,76 | 844,93 | 15,29% |
Rio de Janeiro | 973,43 | 986,70 | 969,40 | 958,90 | 945,92 | 993,64 | 2,08% |
Salvador | 854,95 | 860,15 | 853,90 | 858,67 | 846,22 | 835,98 | -2,22% |
São Paulo | 991,80 | 976,41 | 966,26 | 949,87 | 930,24 | 940,56 | -5,17% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Itens que mais pressionam os preços da cesta básica no semestre
Dos 18 itens que compõem a cesta básica, fubá e a margarina foram os principais responsáveis pela pressão sobre os preços em setembro. Em algumas capitais, as variações acumuladas no semestre chegaram a dois dígitos, com destaque para os alimentos processados e derivados de grãos, especialmente milho e trigo — categorias que vêm enfrentando desafios de oferta desde o início do ano.
- Belo Horizonte: margarina (18,00%), fubá (12,98%) e feijão (9,12%);
- Brasília: pão (13,72%) e bovino (6,26%);
- Rio de Janeiro: margarina (22,35%), fubá (8,37%) e bovino (8,35%);
- Curitiba: óleo de soja (9,77%) e margarina (8,35%);
- Fortaleza: margarina (11,54%);
- Manaus: margarina (13,50%) e frango (7,79%);
- Salvador: margarina (12,69%) e fubá e farinha de milho (8,07%);
- São Paulo: bovino (13,25%) e margarina (7,23%).
Fatores que pressionam a alta de preços em setembro
O fubá, a farinha de milho e outros derivados ainda refletem os efeitos do primeiro semestre de 2025, quando a produção foi afetada por estoques baixos e problemas climáticos em regiões importantes como Goiás e Mato Grosso. Os preços da carne bovina têm sido impactados por dois fatores principais: a demanda externa elevada, que eleva as exportações e reduz a oferta interna, especialmente com o câmbio favorável; e os custos de produção, incluindo alimentação do gado, insumos e transporte. Já os derivados do leite, como a manteiga, têm ficado mais caros não apenas pela pressão do setor pecuário, mas também pelo aumento dos custos de energia, transporte e embalagens.
Quadro 3 – Maiores variações de preços da cesta básica em setembro/2025, por capital.
Capital | Açúcar | Manteiga | Margarina | Óleo | Massas alimentícias |
Belo Horizonte | 2,92% | 2,14% | 1,66% | 9,34% | 1,24% |
Brasília | 1,16% | 0,73% | 1,09% | 1,17% | 1,52% |
Curitiba | 6,50% | 2,06% | 3,03% | 6,95% | 2,43% |
Fortaleza | 0,90% | 2,15% | 3,85% | 2,79% | 1,32% |
Manaus | 8,79% | 3,05% | 7,15% | 9,09% | 2,16% |
Rio de Janeiro | 1,14% | 4,14% | 7,26% | 8,21% | 0,10% |
Salvador | 2,82% | 3,39% | 3,69% | 4,68% | 1,27% |
São Paulo | -1,27% | 0,84% | 2,36% | 2,75% | 1,11% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Queda de preços
Apesar da retomada da inflação em boa parte dos produtos da cesta básica em setembro, alguns itens apresentaram quedas expressivas nos preços, o que ajudou a conter aumentos ainda maiores. É o caso do arroz, do feijão, dos legumes e dos ovos, que registraram recuos na maioria das capitais analisadas.
No acumulado dos últimos seis meses, as maiores quedas foram observadas nos seguintes locais:
- Arroz: São Paulo (-13,02%), Brasília (-12,19%) e Manaus (-10,66%);
- Feijão: Curitiba (-12,01%) e Rio de Janeiro (-10,19%);
- Legumes: Curitiba (-28,11%) e Rio de Janeiro (-11,18%);
- Ovos de galinha: Belo Horizonte (-12,10%) e São Paulo (-10,31%).
Quadro 4 – Menores variações de preços da cesta básica em setembro/2025, por capital.
Capital | Bovinos | Feijão | Legumes | Leite UHT | Suíno |
Belo Horizonte | 1,35% | 3,01% | -7,10% | -0,39% | 2,12% |
Brasília | -1,88% | 0,61% | -4,40% | -0,99% | 0,14% |
Curitiba | 7,55% | 7,96% | 0,3% | 0,02% | 0,59% |
Fortaleza | -4,00% | -0,08% | -2,08% | 1,28% | -9,44% |
Manaus | 2,00% | 1,81% | -6,02% | 2,60% | 3,97% |
Rio de Janeiro | -1,12% | -1,96% | -0,81% | -0,82% | -4,11% |
Salvador | -3,46% | -1,23% | -4,97% | 1,23% | -1,86% |
São Paulo | 5,22% | -0,64% | -8,03% | -1,59% | -3,41% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Cesta ampliada
A cesta de consumo ampliada, que reúne os 18 itens da cesta básica mais 15 produtos de higiene e limpeza, registrou alta generalizada em setembro na maior parte das capitais pesquisadas. Manaus liderou com aumento expressivo de 18,00%, seguida por Curitiba (11,32%), Rio de Janeiro (5,96%) e Belo Horizonte (4,27%). Por outro lado, Salvador manteve os preços praticamente estáveis, com variação de -0,02%.
Quadro 5 – Preços médios da cesta de consumo ampliada em setembro/25, por capital.
Capital | Preço Médio (R$) agosto/25 | Preço Médio (R$) setembro/25 | Variação % |
Rio de Janeiro | R$ 2.073,31 | R$ 2.196,90 | 5,96% |
São Paulo | R$ 2.015,38 | R$ 2.056,02 | 2,02% |
Brasília | R$ 1.945,62 | R$ 1.981,29 | 1,83% |
Salvador | R$ 1.924,71 | R$ 1.924,32 | -0,02% |
Fortaleza | R$ 1.867,11 | R$ 1.912,03 | 2,41% |
Manaus | R$ 1.582,52 | R$ 1.867,31 | 18,00% |
Belo Horizonte | R$ 1.767,99 | R$ 1.843,51 | 4,27% |
Curitiba | R$ 1.619,26 | R$ 1.802,64 | 11,32% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
No acumulado dos últimos seis meses, os preços da cesta de consumo ampliada avançaram na maioria das capitais, com exceção de São Paulo:
- Em alta: Manaus (22,53%), Curitiba (10,67%), Belo Horizonte (6,20%), Rio de Janeiro (4,57%), Fortaleza (3,03%), Salvador (0,89%) e Brasília (0,82%).
- Em queda: São Paulo (-4,97%).
Itens da cesta ampliada com maiores aumentos
Entre os 33 produtos analisados, destacaram-se:
- Achocolatado: Curitiba (5,25%), Fortaleza (4,75%) e Rio de Janeiro (4,46%);
- Batata congelada: Curitiba (4,83%), Rio de Janeiro (4,43%); Fortaleza (3,28%)
- Hambúrguer: Manaus (9,64%); São Paulo (3,06%); Rio de Janeiro (3,02%);
- Amaciantes: Manaus (4,21%); Rio de Janeiro (3,55%); Curitiba (3,25%), Salvador (3,24%).
Esses aumentos refletem, em parte, o impacto dos custos maiores de ingredientes, embalagens e transporte, que seguem pressionando os preços dos produtos industrializados e de higiene.
Quadro 6 – Maiores variações de preços da cesta ampliada em setembro/2025, por capital.
Capital | Achocolatado | Batata Congelada | Hambúrguer | Sabonete | Amaciante para roupas |
Belo Horizonte | 3,11% | 1,22% | 1,99% | 1,95% | 1,05% |
Brasília | 0,93% | 1,67% | 2,83% | 0,30% | 0,90% |
Curitiba | 5,25% | 4,83% | 0,02% | 1,56% | 3,25% |
Fortaleza | 4,75% | 3,28% | 2,43% | 2,88% | 1,67% |
Manaus | 3,16% | 3,33% | 9,64% | 2,52% | 4,21% |
Rio de Janeiro | 4,46% | 4,43% | 3,02% | 0,91% | 3,55% |
Salvador | 3,97% | 2,38% | 0,83% | 066% | 3,24% |
São Paulo | 1,12% | 1,17% | 3,06% | 0,99% | 0,80% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Itens que apresentaram estabilidade nos preços
Em setembro, cinco produtos da cesta ampliada apresentaram estabilidade ou recuos de preços, ajudando a aliviar o orçamento das famílias. As verduras se destacaram por quedas em várias capitais, como Curitiba (-2,70%), Salvador (-1,26%) e São Paulo (-1,50%). O azeite de oliva registrou comportamento misto, com redução em Salvador (-2,79%). Outros itens, como leite em pó, iogurte e água mineral, também tiveram variações moderadas, mantendo-se relativamente estáveis no período.
Quadro 7 – Itens da cesta ampliada com estabilidade de preços em setembro/2025, por capital.
Capital | Água mineral | Iogurte | Leite em pó | Verduras | Azeite de Oliva |
Belo Horizonte | 1,08% | -1,24% | 0,90% | -0,16% | 0,76% |
Brasília | -0,20% | 0,89% | 1,04% | 0,32% | 1,46% |
Curitiba | 4,48% | 1,11% | -1,73% | -2,67% | 0,81% |
Fortaleza | -0,63% | -0,73% | 0,28% | 0,38% | 2,94% |
Manaus | 5,56% | 0,78% | 0,19% | -1,58% | 6,48% |
Rio de Janeiro | 1,80% | -0,06% | -1,27% | 0,91% | -0,43% |
Salvador | 2,60% | -0,49% | -0,62% | -1,26% | -2,79% |
São Paulo | -1,80% | 0,59% | 0,59% | -1,50% | -0,46% |
Fonte: Neogrid/FGV IBRE
Sobre a Cesta de Consumo NEOGRID & FGV IBRE
A Neogrid e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas - FGV IBRE se uniram para lançar a plataforma Cesta de Consumo. O serviço monitora a variação de preço de duas cestas de consumo típicas brasileiras pela análise da leitura mensal de mais de 35 milhões de notas fiscais: a Cesta de Consumo Básica, que conta com 22 alimentos básicos com maior presença nas compras do shopper, e a Cesta de Consumo Ampliada, contendo mais de 50 produtos de consumo, incluindo bebidas e itens de limpeza, higiene e beleza.
A plataforma, que pode ser acessada no Painel de Insights Neogrid monitora a variação e o comportamento dos preços nas oito maiores capitais brasileiras em população - Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, e os produtos e quantidades analisados variam conforme os hábitos de consumo locais.