Desvendando a “trumponomics”

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Desvendando a “trumponomics”

O fundamento que motivou a política de Trump de elevar muito as tarifas de importação é que o papel especial do dólar como meio de pagamento internacional e o papel especial do título emitido pelo Tesouro Americano como porto seguro para a função de reserva de valor mantêm a moeda americana sobrevalorizada. Este é o argumento fundamental no texto de Stephen Marin, hoje chefe da assessoria econômica do presidente Trump, de novembro de 2024. A sobrevalorização do câmbio – isto é, uma cotação mais forte do que a compatível com o ajuste de transações correntes – prejudica o desenvolvimento da indústria americana, principalmente da indústria manufatureira. As tarifas são uma forma de compensar o desequilíbrio produzido pelo dólar artificialmente forte.

De forma contraditória, como o próprio texto defendendo a trumponomics sugere, nos últimos anos esse privilégio exorbitante da moeda americana não tem se mostrado com toda a clareza. Aparentemente o privilégio exorbitante é passado. Hoje o Tesouro americano já paga juros maiores do que a Grécia, por exemplo, para se financiar. Entre os países do G10, vale a paridade coberta da taxa de juros: não há diferenças apreciáveis de retorno entre aplicar diretamente no título do Tesouro Americano ou aplicar em um título do Tesouro de qualquer país do G10 e, em seguida, travar a taxa de câmbio do dólar para o vencimento do título do país do G10. Somente para os títulos do Tesouro americanos de curto prazo, as notas do Tesouro americano, há evidência de algum privilégio exorbitante. De fato, um processo consistente de diversificação das reservas internacionais para outras moedas que não o dólar é visível desde 1999.

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