
Em 2024, apesar de uma melhoria na contabilidade primária das contas públicas em relação a 2023 e de um crescimento do PIB superior a 3% pelo quarto ano consecutivo, o real enfrentou alta volatilidade e encerrou o ano com uma desvalorização de 21,82% em relação ao dólar, apresentando o pior desempenho desde 2020. Por sua vez, as taxas de juros futuras indicam uma Selic em ascensão, rumo aos 16%, e as expectativas de inflação estão desancoradas, com o IPCA para 2025 sendo frequentemente revisado para cima, em direção aos 6%.
Em cenários como este, em que as taxas de juros aumentam e o câmbio se deprecia, especialmente com a dívida pública em trajetória crescente – com uma projeção de aumento de 7 pontos percentuais nos próximos dois anos, devendo alcançar 85% do PIB em 2026 —, a discussão sobre dominância fiscal volta a ser relevante.
Dominância fiscal diz respeito à forma de coordenação entre as políticas monetária e fiscal, cujo texto seminal sobre o assunto é de autoria de Sargent & Wallace, 1981. Estes autores demonstram que a autoridade monetária sozinha não pode controlar permanentemente a inflação, a menos que a política fiscal e a monetária sejam coordenadas, com a política monetária dominando a fiscal.