O Monitor do PIB-FGV aponta crescimento de 3,0% da atividade econômica em 2023. Na análise das séries livres de efeitos sazonais, a economia cresceu 0,1% no quarto trimestre, em comparação ao terceiro e, 0,6% em dezembro, frente a novembro.
“A agropecuária foi fundamental para o desempenho do PIB de 2023. Aproximadamente 30% do crescimento de 3,0% da economia deveu-se diretamente a esta atividade, em particular ao desempenho da soja na região Centro-Sul do país. Esse contexto mostra forte concentração setorial e regional e evidencia que o crescimento econômico não foi sentido de modo uniforme no país. Devido ao agronegócio, o efeito do excelente desempenho agropecuário no ano se estendeu para outras atividades econômicas, o que potencializou sua influência na economia. No entanto, cabe também destaque para o desempenho positivo da indústria e do setor de serviços em 2023. Nos serviços, o crescimento foi generalizado, padrão diferente do observado na indústria. Atividades industriais relevantes para impulsionar a economia, como a transformação e a construção retraíram em 2023. Pela ótica da demanda, o consumo e as exportações cresceram a taxas acima do PIB (3,2% e 9,5%, respectivamente), porém a formação bruta de capital fixo apresentou queda, o que contribuiu para a redução da taxa de investimentos do país. Em termos marginais, a economia cresceu apenas 0,1% no quarto trimestre, em comparação ao terceiro. Embora com clara tendência de desaceleração nessa comparação, o resultado mostra resiliência da economia apesar das fragilidades de um crescimento anual concentrado e bastante influenciado por commodities”, segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.
Neste número, o Monitor do PIB-FGV, além dos resultados usuais, divulga informações de valores anuais a preços de 2023, como o PIB per capita, encontra-se a partir da página 5 deste relatório. Estas informações encontram-se disponíveis no arquivo Excel anual do Monitor do PIB-FGV.
ANÁLISE TRIMESTRAL E MENSAL
Na análise trimestral, o PIB apresentou, na série com ajuste sazonal, crescimento de 0,1% no quarto trimestre, em comparação ao terceiro. Na análise interanual, o crescimento do PIB foi de 2,3% no quarto trimestre de 2023. O Gráfico 3 do release apresenta as evoluções das taxas trimestrais com e sem ajuste sazonal.
Na análise mensal, o PIB apresentou crescimento de 0,6% em dezembro, na comparação com novembro. Na comparação interanual o resultado do PIB de dezembro foi de crescimento de 2,1%. O Gráfico 4 do release apresenta as evoluções das taxas mensais do PIB com e sem ajuste sazonal.
ANÁLISE DESAGREGADA DOS COMPONENTES DA DEMANDA
A análise gráfica desagregada dos componentes da demanda é usualmente realizada na série trimestral interanual por apresentar menor volatilidade do que as taxas mensais e aquelas ajustadas sazonalmente permitindo melhor compreensão da trajetória de seus componentes. Nesta edição do Monitor do PIB-FGV essas análises são realizadas na série acumulada em 12 meses, tendo em vista a divulgação do ano.
Consumo das famílias
O consumo das famílias cresceu 3,2% em 2023. Conforme apontado no Gráfico 5 do release, o consumo de serviços foi o principal responsável por esse crescimento, apesar de ter apresentado perda de força ao longo do ano. O consumo de produtos não duráveis também teve uma contribuição expressiva para esse resultado positivo, com crescimento de 3,6%, mantendo-se estável ao longo do ano. Por fim, o consumo de bens duráveis cresceu desde meados do ano, fechando 2023 com 3,8%.
Formação bruta de capital fixo (FBCF)
A FBCF caiu 3,4% em 2023. O desempenho de máquinas e equipamentos preocupa, pois vem acumulando quedas ao longo do ano e fechou com retração de 8,5% no ano. A construção também contribuiu negativamente para esse resultado, com queda de 0,5%. O único componente a apresentar taxa positiva (3,7%) foi o de outros da FBCF.
Exportação
A exportação de bens e serviços cresceu 9,5% em 2023. Conforme apontado no Gráfico 7 do release, quase todos os segmentos contribuíram positivamente para este desempenho, à exceção dos bens intermediários. Cabe destacar a exportação dos produtos agropecuários, que cresceu 25,3% no ano. Somado a isso, os produtos da extrativa mineral também tiveram desempenho expressivo no ano, tendo crescido 16,7%, contribuindo para elevada taxa de crescimento das exportações.
Importação
A importação de bens e serviços caiu 1,1% em 2023. Conforme apontado no Gráfico 8 do release, o desempenho negativo desse componente é resultado principalmente da queda na importação de bens intermediários e de produtos da extrativa mineral, que apresentaram quedas de 3,9% e 11,1% no ano, respectivamente. Por outro lado, a importação de bens de consumo e de serviços contribuíram positivamente para esse componente, evitando maiores quedas.
PIB-FGV EM VALORES
Em termos monetários, estima-se que o PIB de 2023, em valores correntes, alcançou a cifra de 10 trilhões 740 bilhões e 237 milhões de Reais. Em termos reais, nota-se continuidade da trajetória ascendente desde 2021 tendo sido o ano de 2023 o de maior valor de PIB real da série histórica, conforme apresentado no Gráfico 9 do release.
A partir deste resultado, o PIB per capita de 2023 foi de R$ 52.611. Embora siga em ritmo crescente desde 2021, ainda está em nível inferior aos observados em 2013 e 2014, conforme observa-se no Gráfico 10 do release.
A Formação Bruta de Capital Fixo foi de aproximadamente R$ 1,8 trilhões em 2023. Após dez anos de seu maior nível (R$2,1 trilhões a preços de 2023, em 2013) ainda segue em patamar bem abaixo do já alcançado. O consumo das famílias, em contrapartida, seguiu em expansão com o maior nível histórico alcançado em 2023 (em torno de R$ 6,9 trilhões).
A produtividade da economia foi de R$ 96.381 em 2023. Na comparação da série a valores de 2023, este resultado mostra melhora da produtividade com relação a 2022, mas em nível ainda abaixo dos observados entre 2012 e 2015, como observado no Gráfico 13 do release.
TAXA DE INVESTIMENTO
A taxa de investimento da economia foi de 18,1% em 2023. Além desta taxa ter se reduzido em 2022 e, novamente em 2023, segue abaixo da média histórica desde 2000 (19,2%).