
O indicador de expectativas de inflação dos consumidores brasileiros para os três anos seguintes completou, em fevereiro de 2025, seu primeiro aniversário sem grandes motivos para comemoração. Além de a inflação mediana esperada para os próximos três anos ser ainda elevada e idêntica à de fevereiro de 2024, houve uma aceleração na ponta, como mostra o gráfico abaixo.
Esse indicador foi criado para complementar as informações obtidas pelo indicador já existente, que capta as expectativas de inflação para os 12 meses seguintes. A iniciativa busca ampliar a compreensão sobre a percepção inflacionária da população brasileira, oferecendo suporte a análises e decisões econômicas.
Os dados primários utilizados na elaboração do novo indicador são obtidos na Sondagem de Expectativas do Consumidor do FGV IBRE (ver metodologia em https://portalibre.fgv.br/metodologias). O indicador, divulgado mensalmente, expressa a média ponderada das medianas das projeções de inflação obtidas em cada um dos 28 níveis de agregação da pesquisa, considerando sete capitais e quatro faixas de renda. A série histórica tem início em fevereiro de 2024.
As atualizações mensais estarão disponíveis no Portal da Inflação do IBRE (https://portal-da-inflacao-ibre.fgv.br).
Resultados do Indicador em seu primeiro ano
Embora seja prematuro realizar uma análise conclusiva a respeito das diferenças entre as expectativas de 12 meses e três anos à frente, a estatística descritiva mostra que, nestes 13 meses em que os dois indicadores coexistiram, as expectativas de inflação três anos à frente foram sistematicamente superiores às de 12 meses, excetuando-se maio de 2024, quando as projeções foram idênticas para os dois horizontes de tempo.
Gráfico 1: Séries dos indicadores de Expectativas de Inflação para doze meses e três anos
Fonte: FGV/IBRE
O gráfico acima sugere alguma semelhança entre a série de três anos com a de expectativas para 12 meses à frente. Mais notadamente o fato de ambas apresentarem tendência declinante nos primeiros meses de 2024 e de alta na ponta. A evolução da série de medianas de expectativas para três anos, no entanto, tem sido mais volátil e apresenta, em agosto, um pico inexistente na série de doze meses.
Outra tendência observada nos dados de expectativas de inflação para três anos é a diferença nos resultados entre as faixas de renda. Os consumidores de menor poder aquisitivo, pertencentes às faixas 1 (renda familiar até R$ 2.100,00) e 2 (renda entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00), geralmente apresentam expectativas mais elevadas em comparação aos de faixas de renda mais alta. Essa diferença nas expectativas pode ser influenciada por diversos fatores, como a maior sensibilidade dos consumidores de baixa renda às variações de preços em itens essenciais, que representam uma parcela maior de seus gastos, ou o menor acesso a informações econômicas detalhadas e a mecanismos de proteção contra a inflação.
Gráfico 2: Séries do Indicador de Expectativas de Inflação para 3 anos – Faixas de renda
Fonte: FGV/IBRE
A introdução do novo Indicador de Expectativa de Inflação de Longo Prazo no contexto da Sondagem do Consumidor representa um avanço nas estatísticas públicas brasileiras, ao proporcionar uma visão inédita sobre as perspectivas inflacionárias da população.
A divulgação do indicador de três anos vem sendo realizada mensalmente, juntamente com o indicador de 12 meses, no Portal da Inflação do FGV IBRE. A próxima divulgação ocorrerá em 25 de março de 2025.
Acompanhe o Indicador de Expectativas de Inflação no Portal da Inflação!