
A reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) marcada para esta semana acende as expectativas do mercado sobre quando começará o ciclo de redução da Selic. Como mostra matéria da Conjuntura Econômica de junho, e análise dos pesquisadores do FGV IBRE no II Seminário de Análise Conjuntural, os bons ventos da economia refletidos em indicadores como a evolução recente do IPCA e a revisão da perspectiva da nota de crédito pela S&P Global, de estável para positiva, inflamou a torcida favorável a cortes já no início do segundo semestre. Entre os economistas que leem o cenário com mais cautela - especialmente quanto à decisão que o Conselho Monetário Nacional (CMN) tomará sobre a meta de inflação para 2024/2025, hoje fixada em 3% ao ano -, ressalta-se a preocupação com que esses movimentos conjugados afetem negativamente as expectativas e, consequentemente, prolonguem o caminho que leva a inflação à meta.
Estudo divulgado este ano, destacado na Conjuntura Econômica, é ilustrativo sobre o efeito das expectativas no caso brasileiro. Seu destaque é fazer progressos relevantes, com robustez de dados, em relação a uma tese há muito debatida na literatura econômica: a de que, quando as expectativas de longo prazo sobre a inflação estão desancoradas – ou seja, refletem uma estimativa acima da meta do governo para aquele período –, as empresas tendem a reajustar mais os preços, contribuindo para essa espiral inflacionária.