
Tomei emprestado o título da coluna que Nelson Rodrigues escrevia, diariamente, no jornal Última Hora, de Samuel Wainer, onde retratava a vida real das pessoas, da sociedade. As crônicas geralmente giravam em torno da moral, do pecado, dos desejos, do adultério, causando escândalo na recatada sociedade carioca. Durante quase dez anos foi um grande sucesso.
Evidente que não há nenhuma semelhança no que Nelson Rodrigues escrevia e o texto que começo a desenhar. Mas o título espelha, com as devidas diferenças de foco, a complexa situação em que o país está mergulhado, mostrando, cruelmente, a vida como ela é onde a fome sem limites de deputados e senadores por verbas e cargos barra avanços na sustentabilidade fiscal. Onde há mais de um ano o ministro Haddad tenta acalmar os mercados e melhorar a saúde das contas públicas, encontrando cascas de banana por todo lado. Onde o presidente Lula, mal saído de uma cirurgia para drenar um coágulo de sangue em sua cabeça, vai ao Fantástico, na Rede Globo, e desanca a alta de juros promovida pelo Banco Central, fala mal do mercado e diz que o problema do governo é de comunicação. Mas muitos desses ruídos ele mesmo produz. Onde a ala mais dura do PT continua com o mesmo discurso de anos, em defesa da interferência do Estado na economia, de ressuscitar “campeãs nacionais”, desenvolver tecnologias próprias voltadas à Inteligência Artificial, voltar a falar em indústria naval que, como sabemos, foi um redondo fracasso, sugando bilhões dos cofres públicos, defender, novamente, uma política de conteúdo nacional. Onde os agentes de mercado jogam mais gasolina na fogueira.
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